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  • Prof.ª Paula Faia

Reflexão de uma professora em tempos de Pandemia

Atualizado: 7 de jul. de 2021


Uma epidemia que se transforma numa pandemia, e que ultrapassa o nosso poder e a nossa vontade, conduziu-nos, de repente, a uma situação completamente nova da nossa profissão de professores/educadores. De repente estávamos todos em casa agarrados ao computador, aos tablets e aos telemóveis, a tentar aprender a utilizar plataformas, das quais, muitas vezes, nunca tínhamos ouvido falar.


Entre o cansaço e a aflição, o desespero e o desânimo, lá fomos dando os primeiros passos no ensino digital. Se, de facto, a educação para o século XXI preserva bastante a resiliência e a inteligência emocional, no sentido de desenvolver seres humanos autónomos e felizes, foi de facto esta resiliência que, no meu caso, me levou a fazer formação e a passar horas agarrada ao computador para tentar aprender. De descoberta, em descoberta, entre tentativa e erro, lá fui avançando neste conhecimento, acabando muitas vezes por gritar de felicidade, quando era bem-sucedida ou conseguia, finalmente, agendar uma tarefa.


Este período serviu também para repensarmos o nosso ensino: o que acontece, na maioria das escolas, é que ensinamos os alunos a ler para decorar informação e depois debitá-la nos testes, não lhes dizendo que pode haver outras formas de responder à mesma pergunta, não promovendo a curiosidade, não incentivando a procurar várias versões sobre o mesmo assunto ou conteúdo. Isto sim, será a nova forma como teremos de repensar o ensino. O que é realmente preciso, é ensinar aos miúdos como relacionar tudo isto, ensinar os eixos principais de acordo com os quais depois se articula o conhecimento. Lá diz o Provérbio Chinês: “Dá um peixe a um homem esfomeado e alimentá-lo-ás durante um dia, ensina-o a pescar e alimentá-lo-ás toda a vida”. Sabemos, que os jovens de hoje têm o conhecimento na ponta dos dedos e, por isso, nós, como educadores, temos de desenvolver competências que eles, com os computadores, não poderão adquirir. Para isso, será fundamental desenvolver nas crianças e jovens competências como: colaboração, comunicação, conteúdo, pensamento crítico, criatividade e confiança que irão, dentro das suas capacidades e dos recursos que existem em cada escola, “arrancar” dos alunos as respostas que eles procuram, nunca lhas dizendo.


Considero que uma das competências essenciais é a Colaboração. O mercado laboral do futuro é “um desporto de equipa”, logo, quem não souber integrar-se não será “brilhante” e podemos afirmar que o sucesso, atualmente, é sinónimo de darmos as mãos. Não esquecendo a autorregulação e o espírito critico, tão importante na minha disciplina (História) e que conduz a que as crianças questionem tudo o que aprendem. Mas estas competências são importantes para mim, se conseguirmos levar os alunos a aprender, de forma apelativa, brincando. Como diria um grande e saudoso amigo, o cónego Luís Manuel Silva, o Homem gosta de fazer a Festa. A Festa é uma manifestação de encontro da realidade com a vida, de liberdade, uma evidência de que a vida vale a pena. “Diz-me como fazes a festa e dir-te-ei que Homem és”. Enquanto professora de História, procuro sempre ensinar “em festa “de encontro ao que de mais verdadeiro há em cada um de nós e no sentido mais humanizante. Fazer a Festa está sempre presente na História, ela é a ponte entre o passado e um futuro que se procura, num presente vivido. Gostaria de terminar esta minha reflexão com um poema de Ary dos Santos que me diz muito:

“Estudar é muito importante, mas pode-se estudar de várias maneiras (…)

Estudar não é só ler nos livros que há nas escolas,

É também aprender a ser livres e sem ideias tolas (…)

Estudar é muito,

Mas pensar é tudo!”



Texto: Paula Faia

Revisão: Ana Paula Ribeiro

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