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  • Raquel Pires

Ensino à distância... até quando?

Para tantos de nós, ensinar à distância é e será sempre apenas um remendo, nunca uma solução. E para muitos outros, por esse país fora, nem de um remendo se trata.

Afinal, no país real há muitas vezes frio, fome, tristes fados. Há casas onde faltam quartos, onde alguns dormem amontoados e onde há vazios em lugar de confortos. A pandemia que nos assola impõe a muitos, e não raras vezes, a permanência em casas que dificilmente são lares. Talvez até possa haver aqui e ali um computador lento, de um modelo antigo, para uso de vários, e uma fraca ligação à Internet. O ensino à distância que se quer implementar não tem lugar nestas realidades despidas de modernidade, escravas de uma subsistência sofrida, arrancada a ferros. Acaba, na realidade, por inevitavelmente alavancar as diferenças regionais e sociais que a escola deveria, tanto quanto possível, anular. Mas, ainda que assim não fosse, priva-nos do essencial.

A convivência diária com os alunos é uma fonte de energia e de afetos. E sem afetos é difícil, quase impossível, realizar aprendizagens efetivas. A partilha de saberes, de conhecimentos, mas também tantas vezes de emoções, in loco, olhos nos olhos, fomenta a confiança e cria os laços nos quais a aprendizagem se alicerça e se fortalece.

Por isso, ensinar a distância é, para tantos professores como eu, um remendo que esperamos transitório. Que o estrito cumprimento do confinamento nos permita pô-lo para trás das costas em breve. Muito em breve.


Texto: Raquel Teófilo Pires.



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