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  • Prof. Renato Pernadas

E@D: Ensino à distância. Quando o distante ATÉ está mais próximo… ou talvez não!


Face à atual situação pandémica e sobretudo à sua extensão no tempo, o Ensino à Distância (E@D), quer se queira quer não, tornou-se uma prática obrigatória, não só para docentes como para os alunos.

Todos reconhecem nesta metodologia de ensino vantagens e desvantagens, das quais aqui se enumeram algumas:


Vantagens:

  • Tal como a própria designação invoca, o E@D pode facilitar o acesso à educação, ultrapassando a distância física entre os elementos que contribuem para que a aprendizagem se realize;

  • pode facilitar o acesso à educação, particularmente a quem não consiga deslocar-se ou estar presencialmente;

  • poderá aumentar a autonomia e independência do aluno.

  • A aplicação de recursos tecnológicos e de multimédia permitem normalmente o enriquecimento das aprendizagens.


Desvantagens:

  • A principal desvantagem, apontada pelos utilizadores deste tipo de ensino, é a falta de contacto direto/socialização com colegas e docentes;

  • estudar nesta modalidade de ensino pode ser mais exigente do ponto de vista da capacidade de organização e automotivação, visto que ao aluno é normalmente solicitada a gestão autónoma do seu estudo, dos seus horários e do seu investimento na aprendizagem (muito limitada nos alunos mais jovens);

  • nem todas os alunos conseguem estudar sem o auxílio de um estímulo externo, neste caso, a presença de um docente.

… quando o distante ATÉ está próximo… ou talvez não!

Independentemente das vantagens e desvantagens apresentadas, existe, porém, um conjunto de mais-valias significativas, particularmente no processo de ensino aprendizagem, pois estas metodologias vieram transformar o tipo de ensino, quer na ótica dos docentes quer na dos alunos.

Para os docentes, as eventuais dificuldades iniciais de manusearem equipamentos eletrónicos, por força da sua antiguidade e até, para alguns, de uma certa resistência à sua utilização pessoal e sobretudo na própria prática pedagógica, levou a que de um momento para outro, eles fossem coagidos a utilizá-los. Dessa utilização “forçada”, surgiu, muitas vezes, uma outra forma de prática pedagógica, não só pela “descoberta” do potencial que as tecnologias aplicadas ao ensino permitem, como ainda pela adoção de novas práticas que depois se misturam com as anteriormente aplicadas, enriquecendo assim o ensino.

Por outro lado, os alunos “descobriram” /verificaram que as tecnologias de que já dispõem e que utilizam no seu dia a dia, podem ter uma valência significativa na sua aprendizagem, para além da mera utilização lúdica.



Porém, todo este cenário que, até aqui, poderia parecer idílico e motivador da aprendizagem, pode transformar-se ou agudizar problemas num futuro próximo, podendo criar uma ilusão de aparente autonomia (autoaprendizagem) em que assentam as metodologias associadas ao E@D. Os alunos podem facilmente minimizar o trabalho que os docentes realizam na preparação das suas aulas, porque frequente e facilmente, através de uma mera pesquisa, sem necessidade de trabalho adicional de análise de conceitos, conseguem encontrar as soluções a alguns dos desafios que lhes são colocados, ficando com a ilusão de que são totalmente autónomos e/ou, de que todos os conceitos necessários à aprendizagem se resumem a uma simples cópia ou transcrição de texto. O E@D também pode levar os alunos a confundir a autonomia da gestão do seu tempo com o incumprimento de horários.

Nos docentes, também poderemos observar algum desencanto pelo E@D, pois poder-se-ão debater com o investimento que realizam na seleção e/ou produção de materiais adaptados a estas novas formas de ensino, que normalmente os “obrigam” a uma maior reflexão e ao aumento dos tempos de execução/preparação. Os resultados obtidos pelos alunos na realização dessas atividades, muitas vezes, as meras cópias, podem levá-los a uma desmotivação com consequências futuras imprevisíveis.


Talvez a mais significativa problemática associadas ao E@D seja a possibilidade de que, apenas por motivos tecnológicos/instrumentais (falta de acesso a computadores, à internet…), se possam “perder” alguns alunos e a consequente limitação do seu futuro. O segundo e talvez o mais sério problema é a falta de socialização na escola que o ensino presencial pode oferecer e que, por vezes, é aquela que marca a inserção social de alguns alunos, designadamente as amizades criadas dentro e fora da sala de aula.


Tal como alguns defendem, o E@D pode ser visto como um “novo transporte para chegar à escola”, mas o “acesso à educação nem sempre significa sucesso na educação!”

… mas, pode ser um enorme desafio para alunos e docentes e melhorar o processo educativo?

PODE! CONFIRMO!


Texto: Prof. Renato Pernadas

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