Tradições na Eça
- Prof. Acúrcio Domingos
- 24 de jun. de 2022
- 2 min de leitura
Para fugir aos temas fraturantes, que hoje em dia carregam as agendas políticas, embora devessem, sem o inciso dos postes de eletricidade, fazer parte dos curricula das escolas, desviámo-nos para montante da nossa matriz, à procura de reencontrar os vestígios das antigas tradições académicas, envolvendo nesse esforço um notável grupo de alunos do 12.º ano, sem desprimor para todos os outros. O trabalho “arqueológico” empreendido, feito na vertigem de 15 dias, resultou numa recuperação imaculada de documentos e representações, que farão parte, a partir de agora, do acervo do património imaterial da Eça, aliviando a empreitada aos finalistas que vierem. Poder-se-á pensar, haverá quem o faça, que se trata de um trabalho inútil, reivindicando para a escola e para quem a habita apenas o “essencial” e respeitável ensino, sem outros ingredientes, por razões de arcaica austeridade. Sendo leitura respeitável, ganha-se em lançar sementes variadas no terreno árido das escolas, que teimam em assentar as fundações, apenas, nos pilares que o “Clube dos Poetas Mortos” trouxe à tela, descurando, mesmo aí, um deles, justamente, a tradição. Sem tempo para discutir estas diversificadas leituras- é sempre preciso disponibilidade para aprendermos e paciência para escutarmos e partilharmos razões-, recolho-me ao trabalho dos finalistas deste ano, que redescobriram o sentido da “Queima das Cábulas”, da entrega dos “Óscares” aos seus professores, do Livro de Finalistas e do Jantar de Finalistas e fizeram questão de o confirmar em festa e com grande orgulho. Relendo algumas das mensagens que deixaram impressas, confirma-se o que as tradições podem fazer, sobretudo nas escolas mais conservadoras. Elas aproximam e criam o clima propício à descoberta, que a relação de aprendizagem deve sempre ser, sobretudo, ou, no essencial, uma busca cooperante, partilhada e traduzida numa enorme cumplicidade entre professores e alunos, afinal o tapete “mágico” que pode elevar cada um dos alunos a qualquer patamar do saber. Se alguém tiver dúvidas, é só saber ler livro aberto pelos finalistas deste ano. Parabéns aos ditos! Parabéns aos professores que os acompanharam nessa viagem e que confirmaram, com a sua presença, a retaguarda no novo voo que tais alunos vão iniciar. Que outras leituras podiam ter as saudades confessadas, ou o “até sempre” que testemunhou a partida dos nossos alunos?
Lisboa, 8-6-22, Acúrcio

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