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  • Prof. Acúrcio Domingos

Europa e Futuro

Deixando aos legítimos o direito a festejarem a Europa como a desenham, ou a mando, não podia deixar passar em branco este dia, pelo que ele significa para todos, como a data magna da libertação da Europa do pesadelo nazi e a do lançamento da “utopia” unificadora, que os “velhos profetas” fizeram renascer das cinzas. Não creio que nenhum europeu convicto possa passar sem lembrar os dois acontecimentos, em especial face aos conturbados dias que vivemos. Nenhum de nós pode refugiar-se numa leitura da Europa que já não existe, porque mudou, nem deixar de a ajudar a repensar como o destino comum. É, por isso, que as celebrações, quaisquer que elas sejam, ou o lugar em que ocorram, não podem desapegar-se de duas evidências. Uma, a de lançar um novo rasgo, a partir dos lugares onde essa nesga de luz e energia sempre espera e desabrocha: as escolas, as universidades e todos os lugares do pensamento crítico. Outra, impõe-se, em qualquer tempo ou lugar, rejeitar os modelos ditados ou mais ou menos impostos, do que se quer para o futuro, porque ele nos é comum a todos sem exceção. Não creio que tenhamos hoje muitos Schumanns, Gaspieris e Adenauers na Europa, mas a verdade é que esta se estendeu e estende no coração e na vontade cada vez de mais povos, sendo tal alargamento de vontades o melhor sinal de que estamos a percorrer o caminho certo. Talvez devêssemos enxertar nos compêndios de História de todas as nações europeias, um capítulo dedicado à paixão que nos deve mover e que, no antanho, outros sabiamente lideraram, em tempos mais negros que os nossos. Precisamos todos de dar o melhor de nós na procura de propostas para uma Europa da Paz, que consiga impor-se por esse modelo de tolerância e abertura aos que querem ser incluídos. Mas não podemos ser ingénuos e fiar-nos que a paz que conseguimos e desejamos seja contagiosa e se pegue a ditadores ou nacionalistas, que vivem paredes meias ou dentro da casa comum. É preciso não atraiçoar nenhum dos princípios fundadores. Mas é necessário, ao mesmo tempo, não trairmos a confiança de todos os que confiaram num projeto inovador, auspicioso e mobilizador, à espera do melhor de todos nós. A Escola, espaço essencial de aprendizagens críticas, não pode ficar à margem dessa reflexão e dessas inovadoras propostas.


Lisboa, 9 de maio-22- Acúrcio


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