Semana Ubuntu na Eça
- Prof. Acúrcio Domingos
- 1 de mar. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de jun. de 2022
Na tradição judaica, Deus criou o Mundo em sete dias e depois descansou, porque bem merecia. Não vale a pena conjeturar sobre a historicidade da descrição, hoje pacificamente ultrapassada, mas vale a pena reter a noção da beleza que a atravessa, elevando-a a um texto poético genial, a que apenas faltou a resposta de cuidado pedido à humanidade, levando o Mundo ao estado em que ele está neste momento. Diante dos panoramas de catástrofe, os sentimentos de medo ou de desistência são os que ganham mais adeptos. A razões da Esperança exigem sempre outro esforço e discernimento.
Esta semana, na Eça, não consertámos o desconcerto dos povos. Seria uma inútil ilusão, embora a juventude seja o tempo ajustado para elas. No tempo que “escapámos” às aprendizagens formais, os alunos, professores e formadores Ubuntu estivemos, em conjunto, a ganhar competências básicas, para garantirmos o rosto humano do tempo que vivemos. Perceber quem somos, confiar em nós próprios, ganhar resiliência, sermos cultores de empatia e assumirmos uma liderança servidora, foram os ingredientes que alimentaram os dias da semana da formação, levando-nos a perceber e a assumir o papel de cada um e do grupo na mudança do que precisa conserto. Acredito que a desilusão seja o horizonte de muitos de nós, nestes estranhos dias… Mas é, seguramente, imperioso não entrarmos nessa espécie de depressão coletiva, que nos desculpe a omissão e a indiferença, que tantas vezes perigosamente nos tocam. Cabendo esse génio a todos sem exceção, foi bom ver vinte e cinco alunos, de vários anos e de várias turmas, abraçar esta vontade de construir pontes, de vencer obstáculos, de afirmar sonhos com o que temos de melhor dentro de cada um de nós: vontade, paciência e cooperação. Naturalmente, ninguém pode esperar que as mudanças aconteçam num repente. Como qualquer sementeira, é preciso tempo e boas condições para uma boa colheita. É bom que a escola acolha e estimule estes e outros projetos envolvendo alunos. Eles podem assumir tarefas que os valorizem e responsabilizem. Porque não apostar mais neles? Não tememos a responsabilidade que livremente escolhemos e assumimos. Sabemos que outros se juntarão, para reavivar a humanidade de que todos somos portadores. Obrigado a todos os Ubuntu da Eça, à Direção, aos professores que tiveram a paciência de não lecionar matéria nova e não fazer avaliações, aos Assistentes operacionais que tiveram trabalho acrescido e aos Encarregado de Educação que diariamente nos deram força para continuarmos a percorrer este caminho. Vendo bem, todos nós somos Ubuntu, porque precisamos mesmo uns dos outros para, realmente, existirmos!
Lisboa, 12 de fevereiro de 2022
Texto: Prof. Acúrcio Domingos
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