Por quem gritam as sirenes de Kiev?
- EçaNews
- 1 de mar. de 2022
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As “nuvens negras” regressaram aos céus da Europa. Em terra, espalham-se os resultados da guerra, perante a dor dos que sofrem na pele os seus efeitos, que tentam, a todo o custo, impotentes, minorar. Entre a fuga para fronteiras mais seguras ou a escolha de abrigos subterrâneos nas cidades, ficam a descoberto os mais indefesos ou frágeis, abandonados à sua sorte. Nessa medida, eles são os heróis e mártires anónimos, aqueles que preferem morrer a capitular. Enquanto as sirenes tocam, a Europa, que se julga decente e bem-pensante, a nível de governança, vai-se consertando como pode ou os interesses deixam, numa ausência de firmeza de atitude coletiva, que roça a vergonha. Quando as sirenes tocam em Kiev ou noutra cidade qualquer da Ucrânia, não é para sinalizar só o perigo das bombas ou dos morteiros a massacrar as cidades dos homens. Elas confirmam aquilo que o ditador russo há muito persegue, reinstaurar o antigo império, e antecipam os limites que a invasão pode deixar antever. No fundo, quando as sirenes tocam, são os regimes democráticos que tremem e jogam cartadas de última hora contra o ditador, deixando a nu a teia intrincada de interesses económicos, de transações comerciais, incluindo o arsenal bélico, que faz temer o pior, mas que, até aqui, foi amigavelmente transacionado em bunkers outros, travestidos de respeitáveis instituições financeiras. Quando as sirenes tocam, relembram o óbvio: os ditadores ganham sempre terreno diante do temor dos que se vergam. É por isso que, quando as sirenes tocam em Kiev, esse som chega até nós como ameaça e desafio a toda a Humanidade. No perigo comum em que estamos incluídos, há uma resposta que o povo da Ucrânia merece e espera. A nossa oposição, sem reservas, ao insano ditador e o apoio maciço às vítimas da sua loucura. Quando as sirenes tocam, elas só podem aliviar a negritude dos céus da Europa se levarem de volta o nosso grito uníssono, em defesa da Paz entre os povos, o único caminho decente que engrandece as nações civilizadas! É a urgência desse grito permanente e cada vez mais amplo e mais audível que reclamam as sirenes de Kiev!

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