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  • Prof. Acúrcio Domingos
  • 23 de abr. de 2022
  • 2 min de leitura

Sem surpresas, mesmo para quem acha que a vida é um conjunto acumulado delas, em forma de acaso, entramos numa semana “maior”, a nível de Agrupamento. Nela se concentram valores singulares, que o sopro da vida nos oferece, em permanência, assim estejamos atentos. Num dos dias, acontecem, quase em simultâneo, o valor da entrega e da ousadia. Quarta-feira, se bem vemos, é esse tempo, servido, em modos austeros, por quem dedicou toda a sua vida à educação dos alunos, que lhe couberam em sorte, e, também, a toda a comunidade educativa, oferecendo a todos o que, de melhor, tem a fonte mais subtil da filosofia, a vida, saboreada sem alardes ou sobressaltos, a não ser os que nunca se esperam ou antecipam. É essa leitura discreta, sem honrarias ou desânimos, que merece o melhor de cada uma das nossas memórias, eternizadas no “tempo de memória da Eça”, desenhada em terra chã e à melhor sombra, que é a da eternidade e da paz. Nesse mesmo dia, sem espanto, acontece o 1.º encontro de jornalismo, confirmando o rasgo de quem sonha, à maneira de Pessoa, sabendo que é da criação humana que sai a obra de arte ou a rotina. O tempo de vida do EçaNews justifica a aposta na primeira referência, porque a seiva que o percorre é a da juventude, o melhor alicerce para justificar a melhor esperança. Seguramente, outros encontros virão, para celebrarmos como comunidade educativa, o poder da novidade criativa. No fim da semana, comemoramos igualmente vida e dedicação. Quarenta e poucos anos depois do início, a D. Hermínia deixa a comunidade escolar da Eça, sinalizando uma série de referências que convém não esquecer. A primeira, de uma dedicação total, feita muitas vezes sem visibilidade, sentida de forma regular, como se gastar a vida ao serviço de uma escola mais não fosse que o esgotar em missão a corda de um relógio que nunca para, porque tem de ser o despertador de todos os outros que dele dependem, numa longa cadeia onde o primeiro marca a cadência e o ritmo dos restantes. Há obras humanas que nunca é possível agradecer. Não por repousarem só nas qualidades humanas de quem as assegura, porque sempre haverá censura justificada ou imerecida, mas absolutamente inútil, porque rasteira, frente à grandeza do que foi assegurado ou feito, sem busca de recompensa ou glória, a não ser o amor à casa mãe onde se viveu. Foi o caso da D. Hermínia. Quarenta e muitos anos depois, apesar de ostentar uma genica que lhe permitiria repetir igual empreitada, se necessário, é o tempo adequado para gozar com outra liberdade a sua vida pessoal e familiar, até aqui sempre sacrificada ao serviço dos outros e da comunidade. Nunca agradeceremos o suficiente a doação da sua vida à escola. Essa nossa incapacidade fica apenas atenuada, na expressão devida de um “Obrigado” e, nessa palavra, vermo-nos todos retratados num agradecimento reconhecido, que nunca terá fim, porque guardado na memória do tempo que nunca se esquece. São todos estes gestos humanos que nos orgulham e que nos garantem a vontade revigorada de enfrentar o futuro!


Vila Viçosa, 23-4-22-Acúrcio




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