Não será tempo de implementar mudanças na Educação?
- Prof. Acúrcio Domingos
- 20 de jan. de 2022
- 2 min de leitura
No Domingo passado, a Presidente do Conselho Nacional de Educação, deu uma excelente entrevista ao JN sobre as questões da Educação. Vale a pena ler e reter algumas ideias de quem tanto sabe, sem convencimento, uma tentação de muitos, e sem perder o sentido da oportunidade e da crítica, sempre necessárias nesta matéria. Poderia até aumentar outra razão para a atualidade das respostas, uma vez que os debates políticos, até ao momento, não tomaram como fundamental o tema da educação, vá-se lá saber porquê. A economia e os arranjos políticos roubam espaço a outras áreas, lá se salvando o SNS, porque não podia deixar ser mencionado, face à situação pandémica que, ainda, vivemos. Deixemos essas conversas para outra eventual crónica. Dizia eu que as reflexões atualizadas de Maria Emília Brederode Santos justificam as nossas sobre três grandes questões: Uma, a importância das artes e da prática física nos curricula dos alunos, desde tenra idade. Se bem virmos, trata-se de uma ajustada e atualíssima leitura. Basta passar os olhos por cada um deles e vemos quantas falhas têm nessas áreas centrais para habitar e olhar o Mundo à nossa volta. Nessa medida, a pedagoga pugna pela diminuição da carga horária da Matemática em detrimento de outras disciplinas, o que, não sendo inteira novidade, vai ao arrepio do que os mais conservadores nesta matéria insistem em exigir, ainda que os resultados fiquem aquém do que todos nós desejamos. Naturalmente, como refere, tal implica diminuição dos programas, alterações nas cargas curriculares e tudo o que uma leitura concertada e bem orientada pedem há muito. De outro modo, porque andámos a definir perfis de alunos à saída do secundário, ou porque teimamos em fixar, e bem, aprendizagens essenciais? Por último, afirma, com toda a razão, que a avaliação deve estar ao serviço da aprendizagem e não o contrário. Ora aí está uma pedra basilar, a merecer urgente reflexão do desaparecido ministro, de toda a tutela e também das próprias escolas, fixando modelos pedagógicos diversificados de avaliação formativa, a preferencial, contrariando o lançar exagerada mão da tradicional avaliação por testes, fichas, ou outros suportes, que embora necessários, devem ser valorizados e tornados bens raros. A ideia da avaliação contínua deve fazer cada vez mais e melhor caminho, devendo deixar-se ao aluno e ao professor a negociação do modo e dos instrumentos de avaliação, puxando, ainda, o aluno para desenvolver em turma, de modo cooperativo, um projeto digno desse nome. Quanto ganhariam as escolas com tal acrescento… Fiquei com pena que não tivesse sido abordada na entrevista a urgência, sobretudo a nível do secundário, da questão da investigação. Trata-se de uma das alterações que fazem falta aos alunos, para investirem o seu melhor na descoberta, na procura da diferença e do seu rasgo individual, apoiado pelo professor. Sem todas estas vertentes, forte e rapidamente implementadas, cada vez mais vamos ter dificuldade em fazer perceber aos alunos a importância do que lhes é proposto aprenderem. Bem sabemos que se trata de matérias que mexem com muitas variantes. Mas não será tempo de as começarmos a implementar? Se estivermos à espera só do poder político, bem podemos sentar-nos…
Lisboa, 15 de janeiro de 2022
Texto: Acúrcio Domingos

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