Com os indicadores da pandemia a baixar, as medidas do confinamento estão gradualmente a mudar. Respeitando as normas sanitárias, alguns serviços e atividades económicas e culturais estão a voltar. As escolas do 1º ciclo, creches e jardins de infância acolhem presencialmente milhares de crianças sequiosas de socializar e recomeçar as aprendizagens. Gradualmente todos voltaremos. Também os espaços de cultura e lazer vão permitir o desconfinamento social e cultural. Nunca fecharam: através dos diferentes recursos digitais (nova normalidade), permitiram-nos assistir a excelentes espetáculos, visitas aos espaços e conferências. Estiveram, estivemos on.
Março, anuncia a primavera, a renovação. É o mês da mulher, da poesia, da árvore e da floresta. Também comemora o teatro, dia 27.
Estamos habituados a assistir na nossa escola a peças de teatro levadas a cena pelos fantásticos alunos do curso profissional de artes do espetáculo, uma referência do ensino profissional no universo das escolas de Lisboa.
Enquanto não for possível voltar ao nosso auditório, deixo-vos 2 sugestões para “ir para fora cá dentro”: Museu Nacional do Teatro e da Dança, LU.CA. Teatro Camões (Ajuda) .
Museu Nacional do Teatro e da Dança
Aberto desde fevereiro de 1985, o Museu Nacional do Teatro da Dança instala-se num edifício do século XVIII, o antigo Palácio do Monteiro Mor. Uma visita aos jardins deste palácio, com plantas e árvores exóticas, justificaria uma visita a este espaço cultural no Lumiar. O palácio pertenceu durante mais de dois séculos à família Palmela. Em 1970, um enorme incêndio destrói quase todo o Palácio, deixando de pé apenas as suas paredes exteriores Em 1978, Vítor Pavão dos Santos, “pai” deste projeto, propõe ao estado português , a criação de um Museu do Teatro naquele Palácio, o que acaba por ser aceite. A recuperação deste edifício conjuga, as paredes exteriores que sobreviveram ao incêndio, com os objetivos de um Museu, conseguindo, conciliar um exterior do século XVIII, que respeitou escrupulosamente, com um interior de museu moderno.
As coleções do Museu, têm atualmente cerca de 300 000 espécies, relacionadas com as artes do espetáculo, e incluem trajos e adereços de cena, maquetes de cenário, figurinos, desenhos, caricaturas, pinturas, esculturas, programas, cartazes, recortes de jornal, manuscritos, discos, partituras, até um conjunto de cerca de 120 000 fotografias.
A coleção de cartazes deste Museu percorre a História do Teatro português (e uma parte da História das artes visuais e gráficas), de 1863 (data do exemplar mais antigo) até aos nossos dias, sempre em permanente atualização, nomeadamente as coleções de cartazes o do Teatro Nacional D. Maria II. A coleção de programas de teatro, também sempre em permanente atualização, dá, não só, únicas e preciosas informações sobre a História do Teatro (e dos teatros), mas também, pela sua enorme riqueza e diversidade, um melhor entendimento da evolução das artes gráficas e da própria publicidade no século XX no nosso país.
Das diferentes coleções destacamos duas que podem ser visitadas virtualmente:
Os magníficos trajos de cena da Companhia de Bailados Verde Gaio
e o modernismo em Palco/ Desenhos de António Soares para Teatro e Dança
Para além destas exposições permanentes, que em breve, com o regresso à normalidade, podem ser visitadas, sugerimos: Viagem à roda de uma cadeira: Garrett nas coleções do Museu; O escaparate de todas as artes ou Gil Vicente visto por Almada Negreiros; Eunice Muñoz : 50 anos da vida de uma atriz; Amália Rodrigues: 50 anos e A companhia Rey Colaço Robles Monteiro : 1921-1974.
Os serviços educativos do museu, têm sempre ateliers de teatro, dança e performance para crianças entre os 6 e os 16 anos, Fica o desafio,
LU.CA – Teatro Luís de Camões
Na sua relativa simplicidade de sala de espetáculos de bairro, o Teatro Luís de Camões LU.CA, abre a fachada principal, para a calçada da Ajuda, nºs 76 a 80.
O Teatro Luís de Camões foi construído sobre estruturas remanescentes do Teatro de Belém, criado pelo rei D. João V antes do terramoto de 1755. Sem grande sucesso, o teatro acabaria por estar longos anos encerrado, até que o Belém-Club, nos anos 60 do século XX, o recuperou para se tornar sala de espetáculos, salão de baile e sociedade recreativa. Em 1967, o edifício passou para posse da Câmara Municipal de Lisboa.
Só em 2015, em muito mau estado de conservação geral do edifício, foi feita uma intervenção profunda pela autarquia de Lisboa, que devolveu à sala de espetáculos a dignidade do seu passado.
LU.CA – Teatro Luís de Camões, reabriu em junho de 2018 com uma programação artística regular exclusivamente dedicada às crianças e aos jovens, vindo a afirmar-se como referência nacional no campo das artes para crianças, favorecendo o encontro e a reflexão sobre a criação, em especial, para este público.
Quando ficámos fechados em casa, durante os confinamentos, LU.CA- Teatro Camões, em conjunto com vários artistas, construiu projetos para o Facebook, Instagram e para o Spotify, que podem ser vistos por todos à distância. Está já a ser preparada a programação para a reabertura presencial. Até lá, sugerimos uma visita às páginas das redes sociais deste excelente equipamento cultural, onde se divulgam muitas atividades para todos.
Sigam aqui algumas dessas iniciativas:
O LU.CA dá-te música
Com a ajuda de Dino D’Santiago foi criada uma playlist no spotify de vozes de mulheres e canções que nos falam uma vida nova, cheia de afetos e coisas bonitas.
Playlist de Primavera 20 março a 30 abril 202 (lucateatroluisdecamoes.pt; YouTube, Facebook e Instagram do LU.CA). Primavera (renovação)… por isso a cantora Sallim organizou uma coletânea de músicas que nos farão florescer…
Poemas para estes dias (lucateatroluisdecamoes.pt; YouTube, Facebook e Instagram do LU.CA ) Um conjunto de poemas vídeo, que podem ser vistos e ouvidos nas páginas do facebook e do Instagram , de LU.CA. Como diz a direção deste teatro, ” chega com urgência e sem ninguém estar à espera, surge para deixar poemas à vista para quando precisarmos deles, aparece quando o mundo no parecer meio avariado e para garantir que podemos acreditar no que queremos.”.
Não deixem de ouvir.
Estejam atentos à programação da primavera e adicionem o LU.CA às vossas listas de preferências.
Texto: Prof.ª Eulália Andrade