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"Pão de Açúcar", de Afonso Reis Cabral

  • Beatriz Ferrão
  • 1 de fev. de 2022
  • 2 min de leitura

Fotografia de ophelia.blogs.sapo.pt

“Pão de Açúcar” não é um livro fácil de se ler, muito pelo contrário, trata-se de uma história pesada sem qualquer tipo de filtros. É uma história que pouco ou nada têm de inocência, o que é chocante tendo em conta que as personagens têm apenas 12 anos. E apesar do seu caráter obscuro e por vezes violento, atrevo-me a dizer que é um livro muito bonito. Pois não existe um único momento no livro em que o autor não descreva a beleza da vida. É, para mim, a harmonia entre grotesco e belo que fazem este livro tão bom. O livro roda em torno do caso que abalou o país: em fevereiro de 2006 um corpo com marcas de agressão e nu da cintura para baixo foi resgatado do poço de um prédio abandonado: Pão de Açúcar. Veio-se mais tarde saber que o corpo pertencia a Gisberta Salce Junior, uma prostituta transgénero, que se encontrava sem casa e desempregada. Em Dezembro de 2005, Rafa, um rapaz de doze anos, encontrou o local onde Gisberta tinha construído uma barraca para se refugiar e por si só também quem lá vivia. No curso um pouco mais de um mês Gisberta e Rafa, aos poucos, criaram uma amizade, com avanços e recuos da parte do Rafa. Depois de contar aos seus dois melhores amigos, Samuel e Nélson, a sua descoberta, os três acabaram por cuidar e alimentar Gisberta. Não é até que, numa atitude impulsiva, Rafa conta aos rufias da zona da existência da sua “amiga”. Gisberta acaba espancada até à morte durante vários dias por um grupo de adolescentes, alguns dos quais tinham apenas doze anos.


Sobre o autor...

Afonso Reis Cabral começou a escrever aos 9 anos e publicou o seu primeiro livro de poesia aos 15. Com 24 anos ganhou o prémio LeYa com o romance “O meu Irmão”, sendo assim o mais novo vencedor do prémio. E de seguida em 2019 venceu o Prémio Literário José Saramago com o livro que vos vou apresentar.


Texto: Beatriz Ferrão

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