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O porquê do estigma contra a saúde mental nos homens?

  • Beatriz Ferrão
  • 1 de fev. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 23 de jun. de 2022

Saúde mental, dos temas mais discutidos e mais ignorados em Portugal, especialmente no que toca a pessoas do sexo masculino.


Vamos começar pelos factos:

  • Em termos globais, a taxa de suicídio é maior no sexo masculino – é de 15 homens para 8 mulheres por cada 100 mil habitantes.

  • Segundo dados do INE, referentes a 2019, a taxa de suicídio por 100 mil habitantes em Portugal é de 9,7, sendo que é quase quatro vezes mais elevada nos homens (15,5), do que nas mulheres (4,4).

  • É duas ou três vezes mais provável um homem abusar de drogas que mulheres.

  • Anualmente, 62,000 homens morrem de causas relacionadas ao abuso de álcool comparado a 26,000 mulheres.

E apesar disto, os homens são menos propensos a procurar tratamento para a sua saúde mental do que as mulheres. Mas porquê?


A masculinidade tóxica desempenha um grande papel na estigmatização da saúde mental nos homens. Conhecemos a masculinidade tóxica como aquele tipo de perfil masculino pautado na agressividade, força bruta e opressão. Basicamente, refere-se ao ideal de masculinidade esperado e cultivado pelas normas sociais de género envolvendo as visões culturais tradicionais de “como é que um homem” deve agir e parecer.


A esta adiciona-se o que agora chamamos de conservadorismo emocional, que tem como base a reverência de mostrar pouca ou nenhuma emoção negativa, interpretando isso como “força”. Este foi útil durante as guerras mundiais, quando tínhamos de sobreviver como um coletivo, mas agora é dos maiores contribuintes para o motivo da grande taxa de suicídio entre os homens.

Normalmente, vemos e ouvimos os homens a serem ensinados para não serem vistos como vulneráveis ou emocionais, pois isso é um sinal de fraqueza. O fardo de ter que manter esta estrutura de masculinidade idealizada durante tantos anos acaba por desencorajar os homens a procurar ajuda entre outros, mesmo quando sabem que necessitam


Ao se recusarem a procurar ajuda para depressão, ansiedade, stress ou qualquer outra doença mental, leva por vezes a mecanismos de defesa pouco saudáveis como recorrer a: abuso de drogas, alcoolismo, violência contra outros e automutilação.


Tentar reduzir este estigma começa por desaprender a masculinidade tóxica integrada neles assim como reaprender que todos, independentemente do seu sexo, podem e devem pedir ajuda.


SOS Voz Amiga - Linha de apoio emocional e prevenção ao suicídio

213 544 545 - 912 802 669 - 963 524 660

Texto: Beatriz Ferrão

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