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Liberdade relativa

  • Francisco de Ó
  • 5 de abr. de 2022
  • 2 min de leitura

Numa realidade atual em que há uma quantidade crescente de meios através dos quais podemos exercer o nosso direito de expressar opiniões, parece haver também uma onda de censura subtil baseada no sentimento de culpa e medo que recai sobre qualquer um que se oponha à opinião que deixa as massas satisfeitas. Assistimos a uma polarização generalizada do pensamento e à associação de todo e qualquer parecer a um rótulo, o que não creio que possa ser algo positivo no que toca à nossa liberdade (de expressão).


Um perfeito exemplo disto é a chamada “cultura do cancelamento” que tem vindo a surgir nas redes sociais, nas quais vemos pessoas a ser difamadas, muitas vezes apenas por terem expressado as suas opiniões. A meu ver, não devemos remover ninguém de forma artificial da esfera pública na qual opinam, seja esta as redes sociais ou a televisão, uma vez que penso que todos os recetores destes pontos de vista têm a capacidade de distinguir o certo do errado.


Outro fenómeno recente é o de inserir determinados grupos de pessoas, que frequentemente são bastante diversos, em pequenas caixas com rótulos sem nexo. Nenhum exemplo melhor do que o que a pandemia nos trouxe: qualquer indivíduo que ponha em causa uma medida do governo é denominado um “negacionista” e, por outro lado, alguém que tenha levado a vacina é considerado um “covideiro”. O mesmo se passa, por exemplo, com o espectro político.


A forma como se tenta evitar ofender seja quem for tem tido como consequência uma maior vontade de ofender por parte de quem sente ter as suas opiniões reprimidas, o que, por sua vez, leva ao surgimento de um contramovimento e gera um círculo vicioso que torna a sociedade cada vez mais extremista e polarizada. Por isto, penso que qualquer tipo de censura é inaceitável e que devemos ter como único filtro o escrutínio de todos. “Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.” – George Orwell.



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