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Felicidade

  • Miguel Bonito Santos
  • 5 de abr. de 2022
  • 2 min de leitura

Felicidade, fe·li·ci·da·de, do latim, fēlīcitās.1

“Estado de plena satisfação íntima, de bem-estar, no qual se encontram satisfeitas todas as aspirações do ser humano; estado do que é feliz”.


Assim consta no dicionário o significado de felicidade. Mas não me contenta. É uma simples dedução. Não explica mais do que sabemos. Contudo, a felicidade, este sentimento que vivenciamos, é mais do que uma simples frase num dicionário. É indefinível e único.  A felicidade corre para além da sua descrição. O simples “como a ter” já é uma pergunta sem resposta certa.





Cada um tenta criar o método mais rápido e seguro de a alcançar, como propaganda falsa. Para mim, quem chegou mais perto do significado autêntico da felicidade foi Aristóteles. Para isso, temos de começar por saber primeiro como alcançá-la. Para Aristóteles, a felicidade é a virtude. E o que é a virtude? A virtude é hábito. Não se pode ensinar alguém a ser virtuoso. É algo que se aprende no dia a dia. Não é fazer um ato bom que nos torna virtuosos, mas, sim, a constante prática destes. Mas o que nos faz querer ser virtuosos? Para querermos ser virtuosos, tem de haver um objetivo. Para Aristóteles, o objetivo é a felicidade. Aquilo que o ser humano quer alcançar é a felicidade. Por exemplo, ganhei a lotaria e decidi comprar um carro. Tudo bem. Mas, então, porque comprei eu um carro? Porque quero ir, confortavelmente, de casa ao trabalho. E porque quero eu isto? Porque quero ganhar dinheiro e, assim sucessivamente. Se refletirmos sobre estas atitudes, o valor que as move é a minha felicidade. O comprar o carro tem como objetivo fazer-me feliz.

Para tanta gente, porque é tão difícil alcançar a felicidade? Aristóteles explica que a virtude é muito difícil de alcançar. E porquê? Porque consiste no perfeito equilíbrio entre a própria personalidade e ações. Por exemplo, se temos muito medo, somos cobardes, mas, se temos demasiada confiança, somos tolos. Todavia, entre ambos, existe o balanço perfeito, o “Termo de Ouro”, para Aristóteles. Neste caso, é a coragem (ver fig .2).

Fig .2


Só com o hábito podemos alcançar o “Termo de Ouro”. Aristóteles, então, cria uma palavra para descrever o sentimento de quem atinge este “Termo de Ouro”. Eudaimonia, que é o estado constante de bem-estar físico, psicológico e social alcançado pelo “Termo de Ouro”.  


A chave para alcançar a eudaimonia é agir virtuosamente pelo simples facto de querer ser virtuoso. É fazer o bem porque se quer fazer o bem. Esta é a chave para a felicidade. Existem, de facto, muitas outras ideias sobre a felicidade, como a de Siddhartha Gautama (563 a.C. – 483 a.C.), segundo o qual é feliz quem consegue superar o seu ego. Mas, no final, todas elas caem no mesmo buraco(?). E a conceção de Aristóteles, na minha opinião, é a que explica melhor o conceito e é por ela que eu me guio e nela acredito. Fazer o bem pelo bem. Ou, como Aristóteles diria, “A felicidade pertence aos que se bastam a si próprios”. 

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