O mês de Abril, do ano de 1974, estará para sempre na mente de todos os portugueses e de todos os povos que estiveram sob o domínio português em África. Como em qualquer acontecimento, a História acaba sempre por ter dois lados e todos os intervenientes são úteis quando se pretende saber como ela se desenvolveu.
Para muitos, o dia 25 de Abril de 1974 resumiu-se à própria data:
− “De Abril de” - Liberdade.
− O Vencer da Liberdade, o fim da opressão, o fim do autoritarismo, o início de uma nova vida, o início de um novo tempo.
− Extraordinário, magnifico.
Vários direitos surgiram no âmbito da mudança de regime governamental, o antigo habitual passou a ser o novo estranho.
− “Lembro-me de uma vez, ter levado "porrada". Ia eu saindo das aulas, na altura andava na escola de economia, e vinham dois agentes da polícia. Sorriam e isso transmitiu-me também uma alegria - mau momento: materializei os meus sentimentos por palavras e foi o suficiente. Lembro de ter ficado com várias nódoas negras no corpo, manchas resultantes de tentativas de defesa”.
− “Havia quem se manifestasse contra o regime, e era muito, em Lisboa, pelos estudantes de direito e economia que se contestava. Por consequência, foi dentro de uma instituição de ensino que vivenciei um dos maiores episódios de violência da minha vida. Num segundo conversávamos e no momento a seguir fugíamos todos, sem saber para onde ir, uns por cima dos outros. E iam todos - os calados, os que falavam - ninguém escapou aos "porretes, cacetes" da Pide”.
(testemunhos reais da época)
A revolução foi necessária. A libertação, tão esperada, aconteceu. Para além de uma data de celebração, o 25 de Abril representa um momento de reflexão, reflexão dos princípios mais básicos da convivência em sociedade. Hoje, que somos livres, falamos, cantamos, dançamos, olhamos e comentamos tudo aquilo que quisermos.
Texto: Nuno Sampaio
Revisão: Matilde Silva, Prof.ª Paula Faia
