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Serviços mínimos

A política transformou-se, há tempo a mais, num jogo demorado e inútil de sobras e de espumas.

Devíamos estar já vacinados, ma, infelizmente, todos somos cúmplices de um pecado social, que é o da omissão.

Há uns anos atrás, tive o privilégio de lidar com um senhor, em todos os sentidos da palavra: Frederico Mayor. Quem não conhece, deve investigar, para ver a sua estatura ética e moral.

O grupo que estava a pensar convidá-lo dividia-se na crença de que seria inútil o convite, atendendo o estatuto europeu do personagem, enquanto o grupo mais ingénuo entendia ser dever fazê-lo, independentemente da resposta.

Para surpresa de todos, confirmou a presença e mais. No primeiro jantar do Congresso fez questão de ser ele a servir todos os organizadores. Fiquei de boca aberta!

Tivemos, depois, ocasião de nos apresentar mais em privado. Foi aí que descobri um ser humano absolutamente invulgar.

Na conferência que nos deu sobre a Paz, contou-nos uma história, completada com uma enorme afirmação: o grande pecado do nosso tempo é o da omissão!

É verdade que, na minha identidade cristã, tinha rezado vezes sem fim o pedido de perdão por ações e omissões, mas nunca me tinha apercebido, com consciência clara da vastidão social de tal pecado. Ele mexe connosco porque nos obriga a pedir perdão pelo não compromisso com a vida pessoal, social, comunitária, familiar e escolar.

Esta leitura atualizada é um murro contínuo no estômago. Sobretudo nos tempos modernos e hipermodernos, que parece quererem abrigar ou levar-nos a esquecer o dever de agir de acordo com a consciência, uma valor hoje atirado para as margens das sociedades que ajudámos a construir e a manter.

Lembro-me muito desta lição do mestre Frederico Mayor! É uma lição que nos faz afirmar que, em matéria de educação, nunca há serviços mínimos! Seria, seguramente, um pecado social e do Futuro! Precisamos de voltar ao assunto.

Lisboa, 18223-Acúrcio

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