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As entrevistas convenientes…

O regime que nos rege e nos desgoverna , no dia a dia, porque governar é bem diferente do modelo constitucional exemplarmente desenhado pelos constituintes de então( não sei se os de agora teriam tanto rasgo, devo confessar), trouxe a figura maior a terreiro para dar uma entrevista. Preparada e anunciada com toda a pompa, é nisto que se tornou grande parte da comunicação social e da estrutura do estado, uma espécie de agência de comunicação à medida dos fãs ou distraídos, lá apareceu o salvador da pátria, porque do resto, mesmo querendo, não consegue, a perorar sobre o país, o governo, o PRR, os abusos sexuais na igreja e sobre mais nada, porque o tempo das luzes findou. É a nossa mania, ou melhor, ansiedade perpétua e pátria de esperar sempre um salvador , para lá do que existe. Tenho dito, embora de forma temerária, que com este personagem a arquitetura do sistema político se não mudou, para lá caminha. Constitucionalmente definido como semipresidencialista, o regime adornou. Agora, e desde sempre, o primeiro magistrado da nação fala sobre tudo e sobre tudo emite opinião. Alguém, avisadamente, chamou a isto inflação da função. Mas qual quê? A figura não resiste e define, como sempre gostou de fazer nas aparições públicas de comentador, a agenda do dia e dos tempos vindouros. A bem dizer, é o único profeta contemporâneo em todas as matérias. Esse, convenhamos, é o grande perigo que sua Excelência corre. Não creio que seja por falta de aviso. É uma questão de feitio. O pior é, com essa maneira de ser e de intervir, inquinar todo o sumo esperado das suas intervenções. O grave na banalização da função é darmos razão aos que, há muito, a sinalizaram. Há alturas em que o silêncio é de oiro. Não que ele deva ser permanente. Mas, sobretudo, porque quando cortado, anuncia a grandeza da intervenção requisitada ou querida. É esta falha que o nosso Presidente não intuiu, ele que é tão arguto! Talvez um retiro de silêncio na Quaresma lhe faça lembrar que o alarido de Domingo da Ressurreição pressupõe o silêncio de Sexta-feira Santa. Alguém lhe pode reler os passos da Paixão, que nem sequer lhe são estranhos?

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