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Ouvir e abraçar (Preciso de ouvir uma voz...)

Há desabafos que soam a gritos!

Hoje, senti esses gritos, dados em surdina, mas ouvidos ao longe, por quem observa com algum cuidado o silenciamento a que votámos uma enorme, sim, hoje já é enorme, parte da nossa sociedade, que nos pertence e a que pertencemos, queiramos ou não.

Vale a pena ler a entrevista que alguns deles tiveram a coragem de dar ao Público (ver reportagem de hoje).

Mal ou bem, antes mal que bem, fomos ficando surdos aos gritos. Porventura, a “voz dos que bradam no deserto” não chega às grandes cidades, onde os barulhos plúrimos e anestesiadores da enorme carga do marketing do poder, político, económico ou de entretenimento ligeiro, qualquer que ele seja, aliado à comodidade do bem-estar que nos agarra ao chão, interrompe qualquer necessidade e vontade de ouvir.

Escutar, sabemo-lo, é sempre a vontade de ouvir e hoje a escuta é, quase sempre, um movimento solitário, ao contrário do que se espera de todos: um movimento solidário, sem tréguas. Não sei quantas Fernandas, Hélios ou Marias várias deambulam pelas cidades da terra, ainda com rosto, mas sem voz.

Não sei por quanto tempo esse “ concerto dos gritos” ecoará em surdina, silenciado pelos barulhos da cidade.

Uma coisa é certa. Há dois mil anos, foi enquanto a cidade adormecidade belas casas e palácios reais, com reluzentes lençóis, que o Salvadorse acolheu a uma manjedoura, por falta de lugar e de vontade dos hospedeiros do tempo.

Ouvindo os gritos da margem da sociedade, que o texto jornalístico realisticamente documenta, impõe-se pensarmos na função que nos foi proposta pelo Papa Francisco para toda a uma vida: servir no hospital de campanha em que deixámos, todos, transformar o mundo, a partirda nossa pequenez ou egoísmo.

Quem pode eximir-se a tal desafio? Onde reside a nossa redenção pessoal e coletiva?

Se calhar, ou de certeza, nessa capacidade de ouvir e resgatar o outro a tanta escravidão e silêncio.

Apesar das luzes de Natal e dos mundiais que se renovam de esplendor, sem consciência ou crítica de vulto. Saiamos, pois, em busca de quem precisa de ser ouvido e, se pudermos, se o coração pedir, deixemos um abraço de humanidade que pode não curar, mas ajuda, seguramente, a sarar a única Humanidade que nos une e redime.

Lisboa, 3-12-22- Acúrcio


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