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Declaração dos D. Humanos

Os D. Humanos não podem gozar de folgas, nem de férias ou fins de semana. A crueza dos números, as violências das imagens não dão tréguas a uma luta que deve ser de todos. Não podemos apenas olhar para os pilares de qualquer civilização como se de um mero memorial se tratasse. Seria bem puco relembrar os que todos os dias caem ou são violentados. Seria bem pouco elevar à condição de mártires, embora o sejam e, tantas vezes de forma anónima, todos esses homens, mulheres e crianças, que todos os dias se sacrificam, aqui e noutras partes do Mundo, nessa “guerra mundial dispersa”, como lhe chamou o Papa Francisco. Hoje, o dia maior dos direitos Humanos, em termos de lembrança e celebração, ao ler um pequeno ensaio do Presidente da Câmara Municipal do Porto, dei por mim a pensar que todos precisamos de arvorar as inúmeras bandeiras que precisam de esvoaçar aos ventos da Liberdade: Irão, Ucrânia, Rússia, EUA e de todos os países do mundo onde seja roubado qualquer direito/dever Universal de uma qualquer pessoa. Sempre achei que a escolha bíblica de apenas 10 grandes princípios de relação humana, ainda por cima passíveis de ser resumidos a dois apenas, os 7 artigos da Constituição americana original e os grandes princípios da Revolução francesa, de que somos todos beneficiários, não precisavam de muitos acrescentos para nos darem, com a sua precisão a singeleza, a leitura do bom, do belo, da decência, da tolerância e do respeito pelos outros e por nós próprios. Os tempos modernos e pós-modernos, na sua complexidade e propositado emaranhamento desvalorativo, deixaram à deriva os grandes princípios de vida que, mesmo os menos letrados, identificavam como vergonha e respeito. Como sairemos de forma esperançosa deste enredo? Os modernismos e todas as ideologias, políticas ou religiosas, não nos entregaram a chave para um futuro brilhante. Só a construção de uma sociedade ecuménica, onde nos possamos encontrar verdadeiramente despidos de preconceitos, de qualquer ordem e decididos a uma também verdadeira conversão de vida, podem alimentar qualquer Esperança. Para lá de qualquer vontade inútil de imortalidade, legada apenas aos deuses. Para lá de qualquer vã desejo de inscrever o nome nas estrelas ou em qualquer outro passeio de uma fama fugaz. Oxalá escalemos os D. Humanos /Deveres humanos como um desafio de acreditar na Vida, pela lente provocadora de Gottfried Benn “Muitas vezes me tenho interrogado, mas sem encontrar resposta, sobre de onde provém a doçura e a bondade. Ainda hoje não o sei, e agora tenho de partir “.

Vila Viçosa, 10 de dezembro de 2022- Acúrcio

PS. Em homenagem ao meu querido pai, falecido neste dia, em 1993, de quem aprendi os valores maiores que me têm guiado ao longo da minha passagem pelos diversos lugares da Terra.

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