Ao Adilson
- Acúrcio Domingos
- 1 de mar. de 2023
- 2 min de leitura
A Eça de Queirós viu-se confrontada, uma vez mais, com o absurdo humano da morte. Sem o esperarmos, o nosso colega Adilson despediu-se de alguns de nós e partiu.
Nesse registo, esta saída humana de cena, retratou-o bem.
As “intermitências da vida”, que sempre o acompanharam, de mãos dadas com a fragilidade, não lhe diminuíram cuidado no trato humano com os outros e sensibilidade, que tingia de timidez, por ser a “cor” que melhor o definia e protegia.
Nessa medida, ele próprio foi para todos uma demonstração do mistério que a vida também é, na forma como nela envolvemos o que somos, devolvendo aos outros os olhos límpidos ou baços para a desvendarem ou para nela mergulharem interrogações.
Nessa curta viagem foram os alunos os primeiros grandes destinatários da sua integral estatura, sem qualquer espécie de rede ou de cosmética. Foi diante deles que mais se expôs e que ,durante o tempo breve que esteve entre nós, mais se viu navegar. Nesse embate representounos a todos na dimensão maior que sempre devemos assumir no serviço que todos os dias nos é pedido, sem tréguas. Nunca ouvimos da sua boca a palavra desistir! Foi talvez por isso, ou também por isso, que toda a comunidade escolar, a começar pelos alunos, fizeram questão de o resgatar às garras do esquecimento, honrando a sua memória.
De outra forma, como justificar a alargada presença de tantos deles na singela homenagem que fizemos na nossa escola? Esse gesto genuíno foi o melhor sumário da vida de todos. Nele resumimos tudo o que a vida na escola nos pede e nos deve dar: respeito, silêncio, exemplo e dádiva aos outros.
Oxalá sejamos sempre fiéis a essa grandeza, rodeados de mar e poesia, tão ao gosto do nosso amigo.
Até sempre!
PS. Fica prometida a plantação da oliveira no talhão de Memórias da Eça.
Lisboa, 29-1-23- Acúrcio

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