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A fome de palco

Nesta altura, temos meia Lisboa entretida na política dos palcos, em que todo querem ser atores, e são-no, verdadeiramente, mas de modo medíocre.

O problema de um mau governo, central ou local, acentua as questões, a começar nas mais banais. Desprovidos do mais elementar bom senso, que devia imperar, os atores secundários viraram os fantoches de um espetáculo reles, a que nem o PR escapou e em que o representante da Igreja, D. Américo, se deixou deslumbrar.

Podendo e devendo escudar-se no protocolo, a começar no introito, que era ouvir o ator central do acontecimento, o Papa Francisco, as marionetas dos mandos, em especial os cabeças de cartaz, avocaram a si as luzes de uma ribalta virtual, afinal a única a que verdadeiramente podem almejar atingir e que , desta vez, os “ chamuscou” a todos.

Tivesse imperado a prudência e, certamente, a sugestão do Papa Francisco seria a de não se preocuparem tanto com a estrutura, mas com a essência das JMJ: as pessoas, o seu acolhimento, o recolhimento e o caminho que todos precisamos de percorrer…

Nesta trilogia essencial, o palco é o adereço menos necessário, em especial nas proporções gigantescas, que ofendem a pobreza, a verdadeira natureza da Igreja, da sua vocação e do bem comum.

Numa repetição patética do europeu, investimos o que não temos, em vez de nos apresentarmos como somos, sobretudo num tempo que recomenda contenção e austeridade.

Nessa medida, todos os intervenientes cometeram um pecado grave, uma sorte de luxúria que ofende e chega a ser obscena.

A maré de lodo que limpou, eventualmente, o Trancão, salpicou toda a vasta corte da governança, da oposição e dos apoiantes de todos os lados, a que nem faltou, por fazerem parte do décor, o empresário Covões e o poluto Sá Fernandes, essa espécie de consciência moral de algibeira ou de noticiário.

Um e outro não tranquilizaram as nossas piores expetativas, antes pelo contrário!

Porque ambos chegaram de mãos sujas pela referida lama. Se há quem lave o dinheiro e enriqueça, também existem aqueles que o fazem enlameando-se nele.

É o Portugal pequenino, que nos é servido pelas notícias. É o Portugal fingido, que não tem coragem de ombrear com a alma lusa sã, mas que se desunha a sacar enquanto é tempo e as dívidas não pedem fiadores ou cartas de recomendação.

A vinda do Papa a Portugal é um acontecimento irrepetível e único, porque transporta com ele duas lições que vale a pena reter. A primeira, de não se identificar com as luzes do estrelato e da ribalta dos carreiristas e acólitos, seculares ou religiosos. A segunda, a de reunir em Lisboa e provocar os jovens de todo o mundo a seguirem outro modelo de construção de relações no futuro. Para lá do luxo desnecessário e ofensivo e da indigência maior, que é a moral e que os factos não deixam desmentir!

Lisboa, 10-4-22- Acúrcio



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