Atentado à empatia humana
- Duarte Candeias
- 4 de mai. de 2022
- 2 min de leitura
Dado o cenário atual, acho bastante importante refletirmos sobre o que é que terá levado a raça humana a desencadear uma guerra, enquanto ainda procurávamos ultrapassar uma outra. Não consigo concordar com a admiração de certos e determinados elementos que se mostram chocados com a verificação da existência de um conflito armado em pleno séc. XXI.
Este espanto surge como uma tentativa de disfarçar a tamanha preocupação existente, não com o conflito em si, mas com a sua localização geográfica. As razões que nos trouxeram até à invasão russa do território ucraniano são imensamente vastas e enumerá-las é algo muito complicado de se realizar, mas prendem-se, sobretudo, com a proliferação da ganância e do egoísmo subjacentes, não só aos mandantes da ofensiva russa, como a qualquer ser humano. A vontade de colocarmos os nossos interesses acima do bem-estar comum acaba por nos cegar completamente no que toca a observarmos o ponto de vista alheio e, muitas vezes, contrário ao nosso. Esta vontade desencadeia situações completamente catastróficas, como a que vivemos; afinal, depois de uma pandemia tão penosa, precisávamos de tudo menos do «pandemónio» atual.
Portugal já foi vítima de algumas invasões ao longo da sua história e conseguimos sempre resistir às ameaças vindas do exterior. Subsistimos até aos dias de hoje baseados em diversos valores, entre os quais destaco o de pátria, o sentimento de pertença a uma nação. Sentimento tão belo e puro de se verificar, inaugurado e explícito nas crónicas lopeanas, por exemplo. Somos portugueses, cidadãos de Portugal, possuímos os nossos costumes, a nossa cultura e queremos viver no nosso país. O mesmo se aplica a todos os cidadãos ucranianos, que infelizmente veem a sua tão amada pátria ser invadida e destruída. Tudo devido a fatores que são desconhecidos totalmente pela maioria. Esta violação da soberania levada a cabo pelo exército russo atenta contra todos os valores referidos anteriormente.
Este conflito é imensamente complexo e dele podem surgir uma série de interpretações, dependentes, é claro, da perspetiva e do contexto de quem o analisa. Porém, considero que o ponto comum a todas essas visões deve ser o de que a guerra não é uma solução, mas, sim, um fator desencadeador de um sem número de outros problemas. Num cenário de guerra não existem vencedores, ela por si só já é uma crassa derrota da empatia humana.
Duarte Candeias; 10.º H1

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