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"Não tenhamos dúvidas de que quem sofre é a população civil."

  • Dinis Marques
  • 5 de mai. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 23 de jun. de 2022

O EçaNews esteve à conversa com o jornalista Pedro Caldeira Rodrigues, da agência Lusa, que esteve recentemente na Ucrânia, um país em guerra há quase três meses.


Quando a guerra eclodiu, a 24 de fevereiro, Pedro Rodrigues estava em Kiev, onde já tinha estado em janeiro, a cobrir as tensões políticas entre a Ucrânia e a Rússia. Todavia, esta não foi a primeira vez que Pedro acompanhou uma guerra, no local. Já tinha feito a reportagem das guerras nos Balcãs, na última década do século XX, ao serviço do jornal Público.


Foi nessa reportagem que teve a primeira impressão da diferença entre a realidade e a ficção. "Na guerra vês do melhor e do pior", afirma. O livro "O vírus balcânico", do qual é autor, é fruto das inevitáveis reflexões que resultaram das semanas que passou a acompanhar esta guerra.


No entanto, há algo que distingue a atual guerra das outras que já havia noticiado. É uma guerra em direto, em que a tecnologia e o novo mundo da informação permitem a criação de uma notícia e reportagem em poucos minutos. De acordo com Pedro Caldeira Rodrigues, esta é uma guerra unilateral, em que não existem contradições. Os leitores não tentam apurar as causas do conflito e baseiam-se apenas na designação de uma "guerra entre o bem e o mal". Correm-se, assim, riscos de manipulação e de insultos pessoais, que resultam em notícias falsas, viciando o debate sobre o tema.


Relativamente ao jornalismo, Pedro Rodrigues acredita que atravessa uma crise de credibilidade, fruto das redes sociais e da crise publicitária. O jornalismo está ao serviço das agendas mediáticas e a Guerra na Ucrânia não é exceção. Aliás, foi esta mesma guerra que colocou desafios ao jornalismo, expondo que há sempre uma subjetividade inerente à profissão, apesar da imparcialidade necessária. "É um grande esforço que se faz", confessa. Acredita, porém, que ainda há espaço para "o grande jornalismo de investigação".


Considera que vem um homem diferente, tal como o sentiu na anterior guerra. Quando esteve na Ucrânia, assistiu a episódios que o emocionaram e até esteve em situações de perigo, em que foi investigado por suspeitas de ser espião russo. Conclui que "não tenhamos dúvidas de que quem sofre é a população civil."


Em breve, poderás ouvir toda a entrevista em formato Podcast, no nosso site e no Spotify.


Texto: Dinis Marques



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