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O que é que realmente importa?

-Crónicas de uma adolescente normal

Se te pedissem que te apresentasses num minuto, o que é que dirias? Instintivamente, respondia a esta pergunta com algo semelhante a: “Olá! O meu nome é Beatriz Mira e sou a autora do texto que lês neste momento. Sou a rapariga que escreve a nova rúbrica: Crónicas de uma adolescente normal. Tenho dezassete anos. Sou tão normal como todas as outras adolescentes; sou estranha. Somos todas.”. Depois, prosseguiria com algumas qualidades e defeitos que acho que me caracterizam. E se tivesses que descrever outra pessoa? Guiavas-te pelos mesmos parâmetros?

Possivelmente não. Falar de uma amiga da escola a alguém, por exemplo. Dirias de onde a conheces e as suas características ou defeitos mais vincados nela. (Pelo menos, é o que costumo fazer.).

Todavia, quando, todos os anos, apresentamos um determinado autor na aula de português, quais são os pontos primordiais a serem referidos? Se ele gostava de tricotar ou não? Dizemos onde nasceu, o que estudou, se se casou e, apenas depois disso e só em alguns casos, apontamos alguma característica do artista em questão.

Tudo isto levou-me a pensar e, como em todos os meus artigos, convido-vos a juntarem-se na minha reflexão. O que é que nos define? O que é que, na nossa vida, é realmente importante? Os dados que chegam ao cartório? O que é falado nos funerais? Ou as memórias aleatórias com que as pessoas ficam sobre nós e connosco?

Posso confessar um segredo? Por vezes, sinto pena dos grandes nomes. Daqueles famosos moribundos que correm as bocas de todos. Eu não sei quais eram as verdadeiras paixões de Camões. Talvez algum professor de português diga que sabe. Mas só podem saber o que há registo. Eu não sou as coisas que fiz. Por mais brilhantes que sejam as que Camões fez, ele também não o era. A obra não faz o criador. O criador é que faz a obra. E, por mais esforços que façamos, nunca vamos conseguir analisar na totalidade a obra, porque nunca poderemos compreender na sua plenitude o criador.

Nesta altura em que temos que decidir grandes pontos da nossa vida adulta, começamos a fazer perguntas. E eis as minhas respostas: não, o dinheiro não é o mais importante; quero uma família; quero divertir-me, quero chorar, quero viver; não, não preciso ser “lembrada”. Vou explicar a última: eu não quero ser famosa e lembrada nos séculos vindouros. Eu não quero ser um Camões. Mas quero que se lembrem dos pormenores. Dos tiques que, para mim, são inconscientes. Das gargalhadas compartilhadas. Da minha parte, no final da minha vida, quero olhar para trás e ver muito amor. Quero ter ajudado muita gente (sem que mais ninguém saiba, para não cometer o erro de o fazer para minha própria glória). Quero sorrir ao olhar para os momentos maus. Quero não me esquecer das pessoas. Quero ser a melhor versão de mim mesma. Seja lá o que for que isso signifique.

E, a partir das perguntas que nesta idade fazemos, definimos a nossa vida. Já começaste a moldar quem tu vais ser. Hoje e a cada dia. Porque o que nos define, somos nós mesmos que decidimos. (Não deixes que te digam o contrário.) Nós gostamos de subvalorizar o poder que temos e, muitas vezes, nem mesmo o vemos.

O que realmente importa? A resposta cabe a cada um de nós.


Beatriz Mira

19 de outubro de 2022

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